quarta-feira, 20 de maio de 2015

Congresso inicia série de votações sobre tamanho no corte do orçamento

Governo tem até sexta para definir quanto vai pagar de juros da dívida.
Ministro da Fazenda vai à Câmara conversar com PSD, PMDB e PR


O Governo começou nesta terça-feira (19) a enfrentar uma série de votações no Congresso que devem determinar o tamanho no corte do orçamento deste ano.

Entra e sai na vice-presidência da República, conversas e mais conversas na Câmara e no Senado. O governo tem pressa: até sexta-feira (22), tem que dizer quanto vai cortar do orçamento para pagar os juros da dívida do país.

Esse número é muito importante para mostrar o que governo está fazendo pra superar a crise. O ministro Joaquim Levy até negociou com manifestantes pra desbloquear a entrada dos funcionários no Ministério da Fazenda.

Levy defende que a economia do governo fique entre R$ 70 e 80 bilhões. Aliados no Congresso querem um valor menor. A presidente Dilma Rousseff é quem vai decidir. "Vocês podem ter certeza que nem excessivo, porque não tem porquê, e nem flexível demais, no sentido de frágil demais, que não seja aquele necessário para garantir que as contas públicas entrem nos eixos", afirma a presidente.

Antes de anunciar o tamanho do corte, o governo precisa ter certeza que o Congresso vai aprovar as medidas do ajuste fiscal. A Câmara deve votar a medida provisória que aumenta alíquotas do PIS e Cofins sobre produtos importados. O governo espera arrecadar neste ano R$ 700 milhões.

Tem também o projeto que aumenta impostos sobre a folha de pagamento de empresas, que deve ser votado nesta quarta-feira (20). Com ele, a equipe econômica espera colocar mais R$ 3 bilhões nos cofres públicos neste ano. A oposição é contra o aumento de tributos. “A posição do nosso partido é votarmos contra a Medida Provisória 668, que no seu bojo significa aumento da carga tributária”, diz o líder do DEM, o deputado Mendonça Filho (DEM-PE).

Para o governo, é tão importante garantir a aprovação sem mudanças no projeto para garantir a arrecadação prevista, que o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi à Câmara passar a tarde para convencer os deputados do PSD, PMDB e PR.

O discurso de Levy foi claro: se os deputados aliados não aprovarem o ajuste fiscal, vai entrar menos dinheiro no caixa do governo e o corte no orçamento vai afetar mais programas fundamentais.

O governo conseguiu que os deputados votem a medida provisória que aumenta impostos sobre importados. A medida provisória estava sendo votada na noite desta terça-feira (19) no plenário da Câmara e o governo conseguiu manter o texto como queria para arrecadar os R$ 700 milhões, mas vai ter que mostrar muito fôlego, já que acredita que tem votos suficientes para aprovar o texto principal.

Além dessa votação principal, o governo tem que aprovar outras 17 votações, ou seja, não pode ser vencido pelos deputados, às vezes governistas, e na maioria das vezes de oposição. A oposição, por exemplo, quer derrubar o aumento dos impostos sobre os produtos farmacêuticos importados e vai jogar toda a força em cima disso.

A prioridade do governo agora é votar o projeto que aumenta o imposto sobre a folha do pagamento das empresas. Essa é uma negociação mais longa e difícil, mas o ministro Joaquim Levy tem demonstrado muita disposição. Depois de muitas reuniões públicas e privadas, conversas pelo telefone, ele passou o dia no Congresso Nacional, se reuniu durante três horas com o PMDB, depois falou com PSD e, na noite dessa terça-feira (19), estava reunido com deputados do PR. Ele tem ouvido muitas reclamações.

Muitos deputados do PMDB querem que o aumento dos impostos sobre a folha de pagamento só comece a vigorar a partir de janeiro de 2016, porque muitas empresas já se organizaram, têm o orçamento fechado, já sabiam quanto iam gastar com os funcionários e essa mudança traria prejuízos. Mas o ministro foi veemente, disse de maneira decisiva que não se pode deixar para depois, que esse aumento tem que entrar em vigor imediatamente. Essa é uma negociação que vai se estender até esta quarta-feira (20).