MORDOMIA - "A doce e gorda aposentadoria dos ex-governadores"
Estados pagam benefício até para quem exerceu o mandato por um mês. Gastos para 11 governos chegam a R$ 24 milhões.
LÚCIO
VAZ - A lei que criou a aposentadoria para ex-governadores de Mato
Grosso assegurava o benefício para quem ocupasse o cargo mesmo que por
apenas um dia, desde que assinasse um ato de governo. O absurdo não
chegou a tanto, mas o então presidente da Assembleia, Moisés Feltrin,
conseguiu aposentadoria de R$ 15 mil por ter assumido o cargo por 33
dias entre 1990 e 1991. Iraci Moreira, vice-governadora no governo
Blairo Maggi, assumia o cargo nas viagens internacionais do governador.
Garantiu aposentadoria no mesmo valor.
O ex-governador luta na Justiça para manter o benefício, suspenso por
decisão judicial. Alegando que precisava do dinheiro para comprar
remédios, o desembargador que cuida do caso mandou o político procurar o
Sistema Único de Saúde (SUS).
Edison Freitas de Oliveira precisou de nove meses no cargo de governador
para assegurar um benefício de R$ 11,6 mil. Presidente da Assembleia
Legislativa em 1986, Evaristo Vieira da Cruz assumiu o governo por 16
dias. A sua viúva, Maria Valquíria da Cruz, recebe uma pensão de R$ 15
mil. A lei foi extinta em 2003 e ninguém mais se aposentou, mas os
contemplados com a benesse geram uma despesa mensal de R$ 262 mil até
hoje. A farra já custou mais de R$ 30 milhões ao Estado de Mato Grosso.
Em novembro, a Justiça estadual considerou inconstitucionais os
pagamentos e determinou o fim do benefício para todos os
ex-governadores, mas eles ainda recorrem da decisão. Determinou, ainda,
que os valores fossem depositados em uma conta única até o julgamento em
última instância.