quarta-feira, 24 de junho de 2015

O apoio do PT a Lula, sem citar Dilma  

Um dia depois de pesquisa Datafolha mostrar que a propalada invencibilidade eleitoral de Lula não é mais a mesma ele ficou nove pontos porcentuais atrás de Aécio Neves no levantamento a bancada do PT no Senado divulgou uma nota em que exalta a força política do ex-presidente da República, relembra sua identidade com o Brasil e condena o que chama de "campanha contra o maior líder político do país".
"No Brasil, entretanto, há hoje uma sórdida campanha de deslegitimação dessa grande liderança. Uma campanha que dispensa argumentos racionais. Uma campanha baseada apenas no ódio espesso dos ressentidos", diz um trecho do comunicado.
A longa nota da bancada, que foi lida no começo da noite em plenário pelo senador Jorge Viana (PT-AC), não faz qualquer menção à presidente Dilma Rousseff ou ao governo dela. Apenas faz seguidos elogios políticos e pessoais a Lula.
"Nós todos somos Lula; matar Lula é matar o PT, é reduzir nossa bancada à metade", disse um senador, para tentar explicar a razão na nota da bancada. Ele não quis explicar a ausência de citação a Dilma e ao governo. "Todo mundo tem relação pessoal com Lula", completou.
O fato de a nota não citar Dilma tem, no entanto, explicação política. Neste momento, Lula e Dilma parecem exibir de forma mais acentuada suas divergências, como, aliás, fez Lula por duas vezes nos últimos dias. Ainda que ele tenha feito críticas diretas ao PT, ao dizer que o partido envelheceu, perdeu a "utopia" e hoje está mais preocupado com cargos, a bancada mostra maior afinidade com o ex-presidente do que com a atual inquilina do Palácio do Planalto.
Na verdade, tem incomodado Lula e seus aliados mais próximos as explicações de Dilma sobre denúncias de corrupção apontadas pela Operação Lava-Jato. Sobretudo, quando ela faz questão de mostrar que nada existe contra ela e que tudo aconteceu no passado (portanto, no governo Lula). A bancada petista do Senado se ampara no tema para condenar os críticos, sem apontar de onde eles vêm.
"Tentam fazer hoje contra Lula o que fizeram contra Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart. Usam cínica e seletivamente da imprescindível luta contra a corrupção para tentar destruir um projeto nacional e popular que elevou o Brasil e o seu povo. Um projeto que propicia o efetivo combate aos desvios e que vem livrando o Brasil da grande corrupção da miséria e das desigualdades", diz outro ponto da nota.
Nesta terça-feira, ao comentar as críticas de Lula ao PT e ao governo Dilma, o senador Cristóvam Buarque (PDT-DF),  que já militou no PT, brincou: "Meu Deus, o PT está saindo do governo e meu partido fica".