terça-feira, 2 de junho de 2015

Petrobras emite US$ 2,5 bi em títulos com vencimento em 2115

Negócio marca retorno da companhia ao mercado internacional de capitais.
O rendimento ao investidor será de 8,45%, diz a empresa.

 A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (1) uma emissão de títulos com prazo de 100 anos, no valor total de US$ 2,5 bilhões, na primeira investida da companhia no mercado internacional de capitais desde o estouro da Operação Lava Jato. A conclusão da operação está prevista para ocorrer na próxima sexta-feira (5).

O comunicado foi divulgado pela empresa ao mercado na noite desta segunda. O rendimento ao investidor será de 8,45%. A data de vencimento é 5 de junho de 2115. Segundo a estatal, "os títulos serão emitidos através da sua subsidiária integral Petrobras Global Finance B.V. (“PGF”) e com garantia incondicional da Petrobras". A operação foi conduzida pelo Deutsche Bank Securities Inc e J.P. Morgan Securities.

 A Petrobras ressaltou que o comunicado divulgado nesta segunda "não constitui uma oferta de venda e nem num convite para a compra dos títulos", acrescentando que não "ocorrerá qualquer negociação desses títulos em qualquer jurisdição na qual tal oferta, convite ou venda seja considerada ilegal, ou antes dela ser registrada ou qualificada sob as leis de valores mobiliários das respectivas jurisdições".

O negócio é a primeira emissão de bônus em dólares da companhia desde março de 2014, segundo a agência de notícias Reuters, quando a petroleira fez uma emissão em seis fatias de US$ 8,5 bilhões.

O México foi o único nos últimos anos, fora da América Latina, que tentou uma emissão de 100 anos, segundo a Reuters.
Em março, o Conselho de Administração da petroleira havia autorizado que a estatal fizesse captações de até US$ 19,1 bilhões líquidos em recursos ao longo de 2015.
Depois disso, a empresa contratou uma série de financiamentos com diversos bancos e informou em abril que já havia coberto necessidades para este ano. Entretanto, que continuaria a avaliar oportunidades de financiamento visando antecipar parte das necessidades de 2016.

 "O fato de ela vir realmente a emitir bônus dessa natureza, mesmo depois de ter falado que já tinha cumprido suas necessidades (de financiamentos), mostra uma certa instabilidade para com o plano de negócios da companhia", afirmou à Reuters o analista da corretora Spinelli Elad Revi.
Avaliação das agências
As agências de classificação de risco Standard & Poor's e Fitch classificaram a emissão da Petrobras em "BBB-", mesmo rating dado à estatal, conforme comunicados de imprensa publicados nesta segunda-feira (1).

"Esperamos que a empresa use os recursos para propósitos corporativos gerais, incluindo o financiamento de seu plano de investimentos", afirmou a S&P, em seu comunicado. "O nosso rating corporativo 'BBB-' na Petrobras reflete nossa visão de que há uma probabilidade 'muito alta' de que o governo brasileiro poderia fornecer apoio extraordinário e suficiente para a empresa no caso de crise financeira."
A Fitch também destacou que os ratings da Petrobras "continuam a refletir a sua estreita ligação com o rating soberano do Brasil devido ao controle do governo sobre a empresa e sua importância estratégica para o Brasil com seu quase monopólio no fornecimento dos combustíveis líquidos".
Já a Moody's classificarou a emissão em "Ba2", mesma nota da dívida geral da companhia, que na classificação desta agência está abaixo do grau de investimento. A Moody's comentou que os recursos serão usados para propósitos corporativos gerais, incluindo refinanciamento de dívida e investimentos.