sexta-feira, 12 de junho de 2015

Dilma defende ajuste fiscal e pede o apoio do PT em congresso do partido

Presidente discursou na abertura oficial do 5º Congresso do PT, na Bahia.
Segundo ela, medidas para reequilibrar contas públicas são 'ações táticas'.
A presidente Dilma Rousseff, entre o ex-presidente Lula e o presidente do PT, Rui Falcão, durante o encontro do PT (Foto: Reprodução/Agência PT de Notícias)

Para uma plateia de militantes do PT de todo o país, a presidente Dilma Rousseff faz na noite desta quinta-feira (11) a defesa do ajuste fiscal do governo durante a abertura do 5º Congresso Nacional do partido, em Salvador.
Em seu discurso, de 53 minutos de duração, Dilma afirmou que o governo teve a "coragem" de fazer o ajuste, que qualificou como uma das "ações táticas", e disse que o PT deve saber fazer "a leitura correta da conjuntura em que estamos vivendo". "O PT é um partido preparado para entender que muitas vezes as circunstâncias impõem um movimento tático", declarou.
As medidas do ajuste fiscal, destinadas a conter a inflação e sanear as contas públicas, são alvo de críticas de setores do PT, que queixam-se da orientação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e da suposta retirada de direitos sociais.
A presidente Dilma Rousseff, durante discurso no 5º Congresso Nacional do PT, em Salvador (Foto: Reprodução/Agência PT de Notícias) 

A presidente Dilma Rousseff, durante discurso no 5º
Congresso Nacional do PT, em Salvador (Foto:
Reprodução/Agência PT de Notícias)

Ao discursar na abertura do congresso, o presidente do partido Rui Falcão, chegou a afirmar que não é possível "retomar o crescimento provocando recessão nem que se possa combater a inflação com juros escorchantes e desemprego de trabalhadores". Segundo ele, o ajuste não pode ser "firme com fracos e frouxo com os ricos".
Para chegar a tempo da abertura do congresso do PT, Dilma antecipou a volta para o Brasil e desembarcou diretamente em Salvador, procedente da Bélgica, onde participou nestas quarta e quinta da cúpula entre líderes de países latino-americanos e europeus. "Apressei o meu retorno da minha viagem oficial à Europa [...] porque eu queria muito estar aqui com vocês", afirmou a presidente.
Ela iniciou o discurso ressaltando a "coragem" do governo de fazer o ajuste. "Nós somos um governo que temos a coragem de realizar ajustes. E faz esse ajuste para dar perenidade e sustentabilidade para fazer avançar o projeto de desenvolvimento e mudança que adotamos desde 2003", declarou. "Trata-se de preservar conquistas, de consolidar avanços e de estabelecer um novo mandato de mudanças", afirmou. "Nós temos agora [...] de sustentar toda uma política contra a crise, nós temos de fazer uma escolha: ajustar o mais rápido possível a economia para voltarmos a crescer", complementou.
Para a presidente, o ajuste foi motivado por dificuldades no país e na economia internacional. "Nós temos de fazer o ajuste tanto por razões internas quanto por razões externas. Segundo ela, por razões externas, "é fato" que a economia internacional não se recuperou. Entre as razões internas, ela mencionou os efeitos da seca e da crise hídrica.

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Dilma afirmou que o compromisso de combater a inflação "faz parte do nosso ideário" porque, afirmou, isso corrói os ganhos dos trabalhadores. "Quero dizer numa frase curta: o país vai voltar a crescer".
Para isso, disse, é preciso fortalecer o equilíbrio fiscal e controlar a inflação. "Nós temos agora [...] de sustentar toda uma política contra a crise, nós temos de fazer uma escolha: ajustar o mais rápido possível a economia para voltarmos a crescer", afirmou.
A presidente pediu o apoio do partido ao governo. "Esta é a hora de ver quem é quem", declarou. Segundo ela, "nos momentos de calmaria", há os que querem ser "parceiros na vitória".
"Sei que posso contar com o PT e com os partidos aliados [...]. Eu preciso contar com o meu partido, um partido vivo, que sempre se forjou no debate", afirmou. "Eu sei que o PT está engajado no governo que o elegeu. Este governo não pode prescindir do apoio do PT", declarou.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro do PT em Salvador (Foto: Reprodução/Agência PT de Notícias) 
O ex-presidenteLula no congresso do PT em Salvador
(Foto: Reprodução/Agência PT de Notícias)
Lula
Antes de a presidente Dilma discursar, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou aos militantes do partido. Ele afirmou que “o povo está dizendo” que é preciso combater de forma “implacável” a inflação, que causa resultado “nefasto” às pessoas que dependem de seus salários.
Lula afirmou que o povo pede ao PT e ao governo que “arrumem a casa” para que o país possa receber mais investimentos. Na avaliação do ex-presidente, a população diz ainda ao partido que não se acomode no poder.
“O povo está dizendo que foi importante subirmos degraus, mas é mais importante continuar subindo e não parar, nunca retroceder. [O povo está dizendo] ‘não deixem o país parar de crescer, de incluir’. O povo está dizendo: ‘não se acomodem no governo, pelo amor de Deus, não nos decepcionem’ ”, afirmou o ex-presidente.
Ele disse ainda que nos últimos dez anos parte da imprensa “anuncia a morte do PT”. Sem citar os motivos, ele afirmou que a legenda está “machucada”, mas “bem viva”, enfrentando “a mais sórdida campanha de difamação que um partido já sofreu neste país.”
“E é por isso que temos de estar sempre vigilantes, corrigindo nossos erros, mudando o que for preciso e conversando sempre o povo mais humilde, com o povo trabalhador que tanto necessita do nosso partido”, disse.
Congresso
O encontro do PT na capital baiana vai até este sábado (13). Segundo a legenda, o objetivo central do encontro é "trabalhar uma resolução política que represente o diálogo intenso com a militância e a sociedade para apontar os caminhos de fortalecimento do PT e manter o crescimento do Brasil."

Ao serem anunciados, na cerimônia de abertura do encontro, Dilma, o ex-presidente Lula e o governador da Bahia, Rui Costa, foram ovacionados pela plateia.
Vários ministros acompanharam o ato, como Aloizio Mercadante (Casa Ciivl), Jaques Wagner (Defesa), Carlos Gabas (Previdência Social), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Arthur Chioro (Saúde), Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulheres), Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Ricardo Berzoini (Comunicações), Edinho Silva (Comunicação Social), Juca Ferreira (Cultura) e Nilma Gomes (Igualdade Racial), além dos governadores petistas Fernando Pimentel (MG), Camilo Santana (CE) e Wellington Dias (PI), do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad e de parlamentares.