quarta-feira, 15 de julho de 2015

Em balanço parcial, PF divulga apreensão de 8 carros em operação

Operação desta terça tem 53 mandados e é desdobramento da Lava Jato.
Segundo Polícia Federal, só nesta terça foram apreendidos R$ 4 milhões.

A Polícia Federal divulgou balanço parcial nesta terça-feira (14) que informa terem sido apreendidos na Operação Politeia 8 veículos, 2 obras de arte, jóias, relógios, HD's, mídias, documentos e dinheiro.
As buscas ocorreram no Distrito Federal (12), Bahia (11), Pernambuco (8), Alagoas (7), Santa Catarina (5), Rio de Janeiro (5) e São Paulo (5). A Operação Politeia, deflagrada na manhã desta terça pela Polícia Federal, executou mandados de busca e apreensão na residência de políticos suspeitos de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.

Os agentes da PF foram às casas dos senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI), do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), do ex-ministro e ex-deputado Mário Negromonte (PP-BA), e do ex-ministro e senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). Também foi realizada busca e apreensão na casa do ex-deputado João Pizzolati (PP) e na casa da ex-mulher dele, em Santa Catarina.

Segundo a PF, ao todo foram apreendidos em dinheiro R$ 4.028.4775, US$ 45.644 e €$ 24.550. Conforme informou o Blog do Matheus Leitão, só em uma das apreensões, em uma empresa em São Paulo, foram apreendidos R$ 3,67 milhões em espécie. Dos oito veículos apreendidos, cinco são de luxo.

Na casa do senador Fernando Collor,  a Polícia Federal (PF) apreendeu três veículos de luxo: uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini.

A Ferrari apreendida na Casa da Dinda, propriedade de Collor que foi usada como residência oficial da Presidência na época em que ele comandou o Palácio do Planalto, é o modelo 458 Italia, cuja edição 2015 custa R$ 1,95 milhão.

A Lamborguini apreendida é o modelo Aventador LP 700-4 Roadster, avaliado em R$ 3,9 milhões para o ano 2014. No no plenário do Senado, Collor afirmou que a nova fase da Operação Lava Jato, "extrapolou" todos os limites do estado democrático de direito e da legalidade.
Ferrari do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) é levada apreendida por agentes da PF da Casa da Dinda, residência do senador e antiga residência oficial da época que ele foi presidente, no Lago Norte, em Brasília (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)Ferrari do senador Fernando Collor é levada apreendida por agentes da PF da Casa da Dinda, residência do senador no Lago Norte, em Brasília (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
 
"[A nova fase da Lava Jato] extrapolou todos os limites do estado democrático de direito e da legalidade. Sem apresentar um mandado da Justiça, confrontando e invadindo. Os agentes sob as ordens de Janot arrombaram o apartamento de meu uso funcional como senador da República e recolheram equipamentos e papéis desconexos. Também apreenderam três veículos", discursou Collor no Senado.
A assessoria da PGR informou que Janot não irá se manifestar sobre as declarações de Collor na tribuna do Senado.

Ao todo, a PF foi autorizada a cumprir 53 mandados. As autorizações foram dadas pelos ministros Teori Zavascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os mandados fazem parte de seis inquéritos do Supremo que investigam políticos dentro da Operação Lava Jato.

Dinheiro apreendido pela PF na 16ª fase da Operação Lava Jato (Foto: Reprodução / PF)Dinheiro apreendido pela PF na 16ª fase da Operação
Lava Jato (Foto: Reprodução / PF)
O que dizem os suspeitos
Senador Fernando Collor (PTB-AL) -
A defesa de Collor usou as redes sociais para se manifestar sobre a busca e apreensão em suas residências. No Twitter e no Facebook, os advogados do senador do PTB disseram repudiar com "veemência" a ida dos policiais federais a residência dele.

"A medida invasiva e arbitrária é flagrantemente desnecessária, considerando que os fatos investigados datam de pelo menos mais de dois anos, a investigação já é conhecida desde o final do ano passado, e o ex-presidente jamais foi sequer chamado a prestar es
clarecimentos", diz trecho da nota.
Senador Ciro Nogueira (PP-PI) - Responsável pela defesa do senador Ciro Nogueira (PP-PI), o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, classificou de “abusiva” a busca e apreensão de documentos na casa do cliente dele. “O senador já falou, colocou à disposição da polícia o sigilo telefônico, bancário e fiscal. Vivemos uma época em que medidas invasivas se tornaram regra, não exceção. Ele já prestou depoimento”, ressaltou Kakay.
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Senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) - Por meio de nota, o advogado André Luís Callegari, que defende Fernando Bezerra Coelho, disse que o parlamentar do PSB confia no trabalho das autoridades e que continua à disposição da polícia para colaborar nas investigações. Segundo o criminalista, Bezerra está aguardando para prestar depoimento no inquérito da Lava Jato.
“O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) manifesta sua confiança no trabalho das autoridades que conduzem este processo investigatório e continua, como sempre esteve, à disposição para colaborar com os ritos processuais e fornecer todas as informações que lhe forem demandadas; inclusive, de documentos que poderiam ter sido solicitados diretamente ao senador, sem qualquer constrangimento. Fernando Bezerra Coelho aguarda o momento de seu depoimento e reitera sua confiança no pleno esclarecimento dos fatos", escreveu o advogado no comunicado.
Deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) - "Estou à disposição da Justiça para colaborar no que for possível para esclarecer todos os fatos", informou o deputado por meio da assessoria.
Tiago Cedraz - O escritório do advogado informou que ele "considera uma violência sem precedentes, um atentado ao regular exercício da profissão, medidas autorizadas com base em uma delação negociada por um réu confesso que mente a fim de se beneficiar".
Organização Arnon de Mello - O diretor jurídico da Organização Arnon de Mello, Djalma Mello, disse que a empresa está atendendo ao mandado judicial cumprido pela Polícia Federal. “Vamos atender a todas as exigências porque não há nada fora da normalidade”, disse o assessor jurídico.
Mário Negromonte, ex-ministro e ex-deputado - Por meio de nota, o advogado do ex-ministro Mario Negromonte, Carlos Fauze informou que a operação da PF se deu “sem qualquer intercorrência”, tendo o seu cliente colaborado com os trabalhos.  A defesa também informou que Negromonte “reitera seu irrestrito intuito de colaborar com a investigação”, que apontará, segundo Fauze, a inocência do ex-ministro. O advogado afirmou ainda que Negromonte está disposto a colaborar inclusive com a entrega espontânea de todos os elementos considerados indispensáveis pelas autoridades.
João Pizzolati, ex-deputado - O advogado Michel Saliba, que defende o ex-deputado João Pizzolati, criticou a operação. "Confio muito na equidade com a qual a ministro Teori Zavascki decide, acho extremamente ponderada. E confio plenamente nas decisões do Supremo. Mas atitudes invasivas me preocupam, achei a operação desnecessária. Nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos."