terça-feira, 30 de junho de 2015

Beto Richa tenta impedir que professores falem mal do governo em sala de aula

Beto Richa tenta impedir que professores falem mal do governo em sala de aula

Jornal GGN - A equipe do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), adotou a estratégia de perseguir os professores que contestam a política estadual de Educação e promoveram a greve e protestos que culminaram no confronto com a Polícia Militar, em abril. A Secretaria de Educação, comandada por Ana Seres - afilhada do presidente do PSDB local -, emitiu uma nota orientando pais e os próprios alunos a denunciarem os professores que falaram mal do governo à Ouvidoria.
"A Secretaria de Estado da Educação tem sido informada que em algumas escolas da rede pública os alunos estão recebendo informações de caráter doutrinário e político. Conforme reclamações que chegam à Secretaria, alguns professores que fizeram greve estão insuflando crianças e adolescentes contra o governo do Estado. Em Curitiba já foram registrados diversos casos", escreveu a assessoria da Pasta.
Por Eduardo Nunomura
Governo Richa pede que pais denunciem professores
Do Jornalistas Livres
Em mais uma tentativa de mobilizar a opinião pública contra os professores do Paraná, o governo de Beto Richa (PSDB) publica na segunda (22/6) nota, pelo site da secretaria da Educação, em que afirma que os educadores que fizeram greve estão disseminando “apologias contra o governo do Estado”. E orienta que pais e responsáveis e os próprios estudantes denunciem às Ouvidorias dos Núcleos Regionais de Educação qualquer atividade ou conteúdo que considerarem indevidos.

“A escola é, sim, um espaço democrático, mas para que se desenvolva o processo de ensino e aprendizagem, e não doutrinação”, comenta, na nota, a secretária da Educação, Ana Seres. “Em que pese o direito de cada um ter posição política numa democracia, questões políticas e partidárias não deveriam se sobrepor ao princípio de que os alunos estão na escola para aprender o conteúdo necessário para que sejam preparados para a vida”, acrescenta o chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra.
Há menos de uma semana, o governo Richa já havia adotado uma estratégia similar de manipulação de informações. Denunciou a existência de professores-marajás no Paraná, alguns recebendo salários de R$ 27 mil a R$ 17 mil. O texto, publicado no site do governo, afirma que em 111 cidades a remuneração desses profissionais é maior que a dos prefeitos. A nota não esclarece como se chega a esses salários “astronômicos”. Afirma que:
"O impacto é maior, principalmente, nas cidades do interior, onde o custo de vida é menor e o poder de compra dos salários praticados pelo Estado se sobressai em relação aos pagos pela iniciativa privada e pelas prefeituras."
Ao se colocar como vítima, o tucano Richa adota a tática de perseguir os professores que foram brutalmente atacados pelo seu governo em 29 de abril. Professores questionam os “salários” divulgados pelo governo. Os holerites teriam sido escolhidos a dedo, como a situação da uma professora que recebeu o abono de permanência em um mês, acumulados por anos de trabalho, e acabou sendo considerada “marajá”.