Casamento coletivo abre parada gay em frente ao Congresso, em Brasília
Nove casais do sexo feminino e um do masculino selaram as uniões.
Este é o 1º casamento coletivo para pessoas do mesmo sexo na capital.Casamento coletivo na parada gay de Brasília (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
Um casamento coletivo abriu a 18ª Parada do Orgulho LGBTs de Brasília
em frente ao Congresso Nacional na tarde deste domingo (28). Ao todo,
nove casais do sexo feminino e um do masculino selaram as uniões no
primeiro evento do tipo para pessoas do mesmo sexo realizado na capital.
A Polícia Militar estima que mil pessoas acompanharam o casamento.
Embaixador da Bélgica no Brasil, Jozef Smets,
(à dir.) com o marido em casamento coletivo
(Foto: Isabella Formiga/G1)
(à dir.) com o marido em casamento coletivo
(Foto: Isabella Formiga/G1)
O casamento coletivo conta também com o apoio da Embaixada da Bélgica, que promoveu uma recepção aos casais na sexta-feira (26). O embaixador belga no Brasil, Jozef Smets, é casado com Cristophe Degraeuwe há 13 anos. Ambos foram padrinhos dos recém-casados.
"Gosto muito do lugar aqui, é um casamento muito simbólico em frente ao Congresso, em um ambiente, em geral, positivo. É muito forte para todas as comunidades do mundo", disse Smets. "A Bélgica foi o segundo país do mundo a legalizar o casamento gay e, assim como os Países Baixos e Luxemburgo, constituímos um grupo de países que trabalham juntos em vários setores, e também nesse sentido [direitos dos homossexuais]. O primeiro-ministro de Luxemburgo, inclusive, se casou há algumas semanas com o seu companheiro."
Ana Flávia Teixeira e Mariléia da Rocha se beijam após o casamento (Foto: Isabella Formiga/G1)
'Grande passo'
Ana Flávia Teixeira e Mariléia da Rocha estão juntas há sete anos e chegaram a fazer um casamento simbólico em uma cachoeira de Pirenópolis, em Goiás, durante uma viagem. Para o casal, agora unido no papel, o casamento representa uma nova fase. "Ainda temos muitas coisas para conquistar, mas vamos continuar lutando, vamos continuar avançando", falou Ana Flávia.
"Nós temos problemas como todo casal, como todo casal hétero. Na verdade o que a gente pensa e quer é a construção familiar. As pessoas pensam que casal homossexual é promíscuo, é promiscuidade, e a gente está aqui para provar que não, não somos promíscuas, queremos ter famílias, queremos construir, questões que todos os casais querem, independente da sexualidade. O que a gente faz entre quadro paredes só nós interessa, não interessa a mais ninguém", disse Mariléia .
Casal troca alianças durante cerimônia coletiva em frente ao Congresso Nacional (Foto: Isabella Formiga/G1)
A drag queen Baby de Brasília também considerou a iniciativa um
"avanço". "É fantástico. O casamento é fantástico porque, pela primeira
vez, a gente tem um ato coletivo de união. É muito representativo na
capital porque a gente nunca teve esse ato, e por isso ele simboliza
avanços que a gente não tem", diz.Ana Luísa Magalhães foi madrinha de um dos casamentos. "Sou amiga de uma das moças que casou e fui convidada para participar da cerimônia e ser testemunha. Nunca havia ido a um casamento assim", disse.
O único casal do sexo masculino a participar da cerimônia foi também o que mais se emocionou. "Receba essa aliança como símbolo do meu amor e da minha fidelidade, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe", disse ao companheiro o estudante Raphael Kelvin, momentos antes de trocar alianças e selar o matrimônio com um beijo.
Único casal do sexo masculino que participou de cerimônia coletiva neste domingo (Foto: Isabella Formiga/G1)